Existe um bom número de expressões e palavras dentro do novo discurso pedagógico que estão no limiar de se transformar em chavões. Algumas delas são: “aprender a aprender”; “aprendizado centrado no sujeito”; “aprendizado autônomo e cooperativo”; “aprender a ser crítico e criativo”; “construção ao invés de transmissão do conhecimento”; “Inter? Multi? Trans? disciplinaridade”; “sujeito holístico e não fragmentado”; "múltiplas inteligências"; “foco no processo ao invés do produto”. Como, no nosso cotidiano com os alunos, vamos tornar concretas as fantasias que criamos como significado para cada uma dessas expressões?
A teoria de Skinner, principal influenciadora da educação ocidental até hoje, de certa forma explicou como a experiência influencia a aprendizagem, sendo esta entendida como o processo pelo qual o comportamento é modificado como resultado daquela. Nesse sentido, a visão behaviorista ou comportamentalista eliminou o caráter pessimista e preconceituoso da concepção inatista, que, oriunda da influência religiosa, acreditava que cada homem é criado por Deus de forma definitiva, donde pode muito pouco a educação fazer por ele, a não ser aprimorar e desenvolver o seu potencial e os seus talentos inatos. Quando esses talentos não existem, nada há a fazer. As aptidões, a prontidão e os coeficientes de inteligência foram os escudos que a concepção inatista usou para o fracasso da sua prática pedagógica. A recuperação da importância dos fatores ambientais no desenvolvimento foi à grande contribuição do behaviorismo.
Baseado neste contexto a forma como fazemos a avaliação do processo educacional determina e espelha a concepção educacional que subjaz à nossa prática. Mais do que isso, entendo a avaliação como um fator central e determinante do processo de aprendizagem que se processa em varias etapas conforme explicitado no vídeo a seguir.
McConnel (1999) em seus estudos relata resultados de pesquisas que, ao avaliar o grau de relação entre o processo de avaliação e de aprendizado, mostraram que os estudantes em geral escolhem como e o que aprender com base na forma como são avaliados, ou melhor, na forma como eles conseguem imaginar que serão avaliados. Em geral, os estudantes buscam dicas para saber como irão ser avaliados, isso porque freqüentemente eles não costumam ser muito bem informados a respeito.
Na verdade, a avaliação impõe o ritmo do aprendizado. Fazendo uma metáfora musical, podemos dizer que o processo de avaliação é a partitura e o arranjo que a orquestra dos estudantes deve executar. Por isso, entendo ser necessário ter a avaliação como um instrumento a serviço da aprendizagem. Para isso é preciso ter clareza sobre qual o papel da avaliação na aprendizagem. Que papel tem a avaliação para a família, para o aluno, para a aprendizagem e para professores e instituição. De modo geral é preciso entender "o que é avaliar", “o que se avalia” "para que e por que se avalia" e "como se avalia".
Por fim, avaliar é um processo dinâmico de reflexão sobre o que fazemos. É um movimento constante e permanente entre AÇÃO, REFLEXÃO e, novamente, AÇÃO. Nesse sentido, o processo de avaliação e o processo de aprendizagem são entendidos como um só.
Fonte: Baseado no texto “o papel da avaliação educacional nos processos de aprendizados autônomos e cooperativos” de Edla Ramos.